Essa garota me deixou louco

Fazia tempo que eu não passava por aqui. E hoje, acabei postando mais do que nos últimos dois anos. Sério. E eu também aproveitei pra ler todos os comentários. Boa parte deles era gente que estava ajudando outras pessoas. E eu me sinto grato por isso. Porque afinal, esse lugar não é só um exorcismo. Porque existe gente boa no mundo. Porque há solidariedade entre gente que está nessa doença. Fodidos, porém solidários !!!

Dentre os comentários, achei um que me interessou. Ela me ofereceu um ombro amigo. Disse que eu podia adicioná-la, se quisesse companhia. Desabafar. Ela também era uma incompreendida, assim como eu. Ela só queria alguém pra amar. Mas esse alguém se foi. Rápido demais.

E eu fiquei profundamente caído por ela. Apaixonado. Pesquisei seu e-mail no facebook, e fiquei ainda mais apaixonado. Ela é psicóloga. Aparenta ser altamente madura, embora seja nova. Ela linda. Mais que isso, ela é uma mulher lindíssima. Só havia uma foto disponível pra “não amigos”, mas foi suficiente pra eu me apaixonar.

Contudo, ela é uma Vênus, inatingível. Ela mora distante. E é bipolar assim como eu. Ela me deixou profundamente louco. Eu queria adicioná-la no facebook. Não era só beleza, era um desejo intenso de intimidade. Afinidade. Eu pensei que queria muito estudar psicologia. Que queria morar junto com ela. Que queria me acertar com alguém. Que precisava de alguma intimidade. Eu pensei nela no chuveiro. Simples assim. Um banho no chuveiro frio. Erótico. Poético. Não, eu não pensei em sexo. Mentira minha, eu pensei no mais carnal dos sonhos. Mas não tão carnal. Foi mais pra romântico. Poético. Eu desejei aquela mulher, linda. Linda!

Então eu acordei e vi ela era, de fato, uma Vênus. Linda, distante e inatingível. Percebi que o MEL que destilava em seus lábios era muito doce pra mim. Percebi que ela mora longe. E lembrei que eu tenho um histórico de fracassos com relacionamentos à distância. Percebi que ela é psicóloga, e que certamente não iria querer, voluntariamente, um desequilibrado como eu. Percebi que ela era linda, e dificilmente iria me dar bola. Como dizem, ela é muita areia pro meu caminhãozinho.  MUITA!

Lembrei também de um histórico de fracassos com bipolares. Elas me atraem, me atiçam. Mas é muita loucura pra um relacionamento só. Eu me auto-sabotava. Mais que isso, eu tentei fazer dar certo, mas percebi que nós nunca tínhamos o mesmo timing…

Percebi que tudo não passava de um sonho. Olhei mais uma vez a foto dela. E decidi não adicioná-la, com medo de ser rejeitado. Com medo de ser aceito e fazer merda. Com medo de fazê-la sofrer. Com medo de sofrer.

Mas só uma coisa me passou pela cabeça.

Essa garota me deixou louco. Mais do que eu já sou. Perdido. Maluco. Apaixonado…

Faz de conta

Esse ano foi um ano estranho. Eu senti uma imensa apatia por tudo e por todos. Acho que meu único foco foi trabalhar. De resto, nada foi importante ou legal. Até mesmo os happy hours só foram legais porque era o pessoal do trabalho.

Mas eu conheci uma estagiária do meu trabalho, e houve muita coisa rolando entre nós. No melhor sentido da palavra. Antes que alguém comece a me julgar, quero dizer que eu não ultrapassei a linha do moralmente correto. Não que eu não pudesse, afinal, ela estava estagiando num setor totalmente diferente do meu. Mas, afinal de contas, havia uma diferença enorme de idade entre nós e eu preferi não me permitir ser tentado. Apesar de ser estagiária, ela é uma mulher. Uma mulher linda, inteligente e madura. Mesmo sendo estagiária.

No setor onde ela faz o estágio, eu arrisco dizer que ela é mais madura do que todos os outros. Mesmo que ela seja somente uma estagiária. Na verdade, ela acabou não aguentando estagiar, porque no final das contas ela tinha mais conhecimento e maturidade do que os seus supervisores.

Mas… a história não é sobre trabalho. E eu tenho que dizer, portanto, que nós fizemos uma boa amizade. Nos identificamos à primeira vista. Fomos apresentados por intermédio de um colega em comum, num jantar em um restaurante árabe. E eu percebi que ela não era apenas uma garota que gostava de esfirras. Ela conhecia a culinária árabe. Mais tarde, eu percebi que ela conhecia muito mais que isso. Embora ela fosse de uma família modesta, ela conhecia muito da vida.

Mas… estou divagando de novo. Depois de alguns meses de amizade, eu conheci a família dela, e seus amigos também. Algum tempo depois eu percebi que ela estava dando em cima de mim. Ela estava apaixonada. E eu, felizmente, não fiz merda. Me mantive íntegro e não fiquei com ela (embora ela fosse desejável e eu fantasiasse um pouco com ela). Depois as melhores amigas dela deram em cima de mim. Então eu percebi que todas elas (minha amiga inclusive) não estavam ME querendo (e eu nem sou essas coisas todas). Elas estavam apaixonadas pelo bipolar que existe dentro de mim. O sedutor, o Richard Gere (quem está visitando pela primeira vez, veja o filme Mr. Jones, em que esse ator é bipolar). Ela deu em cima de mim igual o diabo dá em cima do fiel. E eu fugi, igual o diabo foge da cruz. Todos somos maus, não há um anjo sequer, entre nós.

Depois de meses, acabei descobrindo que o pai dela era bipolar (recém diagnosticado). E no fim das contas, ela se apaixonou por mim, porque via em mim o pai dela. Só que diferente. Ela me via maduro, equilibrado, livre. E sem falsa modéstia, eu agia como se fosse equilibrado e normal. Na verdade, aprendi a me esconder dentro de minha casa. Embora eu pareça meio excêntrico, eu acabo passando por normal porque agora aprendi a beber dentro de casa, a me deprimir só nos fins de semana e a viver uma vida bipolar travestida de normalidade.

Enfim… eu vivo num faz de conta.

Mas eu acabei confessando pra ela que eu era bipolar, assim como o pai dela. E por sentir pena no homem, acabei tentando explicá-la que ele não era culpado/culpável por ser bipolar. E ela tentava se reaproximar dele. Mas no final das contas, ela sofreu uma enorme desilusão, sobretudo, porque ele estava num estágio totalmente caótico e desequilibrado. Ele não aceitava o diagnóstico. Ele simplesmente vivia de modo devasso, desorganizado e totalmente livre. E ela cobrava dele alguma maturidade. Ela olhava pra mim, medianamente equilibrado. Ela olhava pra ele, caoticamente perdido. E a comparação era inevitável. E ele certamente perdia pra mim. Seja porque ela ainda estava apaixonada por mim, seja porque ela ainda sentia muito ressentimento dele.

E eu senti pena dele. Porque no final das contas, eu percebi que ela não admitia e não compreendia o que ele passava. Eu mato um leão por dia pra sobreviver. Na verdade, eu mato vários leões por dia pra sobreviver. E quando eu não consigo matar o leão, eu tenho que fugir e me esconder, e torcer pra que o leão procure outra presa. E vez ou outra eu me desequilibro e faço merda. Mas hoje, eu aprendi a esconder a merda debaixo da moita… Porque pior do que fazer merda, é deixar que os outros vejam sua merda… então eu escondo. Eu sofro sozinho. Eu bebo em casa. Eu me deprimo só com minha cama. Eu vou trabalhar deprimido, fingindo que tudo não passa de saudades de minha falecida mãe. Mas no fim das contas, eu apenas torno minha loucura aceitável para a sociedade.

Eu senti pena dele. Porque ela simplesmente fazia de conta que me compreendia. Ela me aceitou apenas porque eu estava normal. Ela não conheceu meu lado sombrio, minha depressão. Ela ainda hoje acha que ele tem um desvio de caráter. Ela não acredita que o pai pode ser dominado por um desequilíbrio químico no cérebro. Ela ainda acha que ele faz merda porque é um cara do mal. E que se eu consigo me manter sóbrio, ela acha que ele também deveria conseguir.

No fim das contas, eu faço de conta que sou normal, mas sou bipolar.

Ela faz de conta que entendeu o que é transtorno bipolar, mas na verdade ela não sabe o que é.

Ele, contudo, é o único que vive no mundo real. Ele vive transtornado por seu transtorno. Sim, fui redundante pra ser mais enfático. Ele é o único autêntico. Ele é o único que experimenta a realidade (embora ele talvez nem se dê conta).

No final das contas, eu não sei como alguém pode se apaixonar por mim. E assim eu me boicoto. Ou me saboto. Eu só me envolvo com gente louca (com quem é virtualmente impossível ter um relacionamento duradouro e sadio). Porque eu morro de medo de foder com a vida de uma mulher que seja realmente normal.

E no final, eu tento fazer de conta que estou bem sozinho… eu tento…

Suor frio

Noite de sábado e eu estou aqui. Suando frio. Não é febre ou nenhuma doença. Apenas sentimentos represados há muito tempo. Muito.

Meus dedos tremem sob o teclado, como se fosse um alcoólatra que passou muito tempo em abstinência e agora volta a beber uma dose do doce veneno, que lhe faz uma pessoa incrível e ao mesmo tempo lhe destrói a vida. Assim eu me sinto em voltar a este blog. Aqui é um lugar onde encontro refúgio, e onde posso afogar minhas mágoas, fantasiar sonhos bons e fugir da realidade. Por outro lado, a fuga é sempre um problema. Seja álcool, sexo, música, seriados, sono ou blog… a fuga é apenas um jeito de postergar o inevitável: a vida é dura, difícil e normalmente não é nada justa, mas ela precisa ser vivida e, ocasionalmente, ela tem recompensas. É como dizia o cantor, tristeza não tem fim, felicidade sim.

Em todo o caso, me entorpecimento é resultado, como já disse, de uma represa de sentimentos. Meu tempo na selva está quase acabando. A selva é um lugar de privação, onde você precisa aprender a viver com quase nada. Mas por bem ou por mal, sei que esse tempo está acabando… Parando de divagar e voltando ao ponto, a selva fez com que eu represasse muitos sentimentos. A dificuldade de acessar a internet, o medo de ser descoberto, o desejo de parecer normal… todas essas coisas me afastaram do blog. Usar internet por aqui acaba sendo um teste de paciência, e um risco (já que ninguém sabe se você está sendo ou não rastreado). Mas meu tempo de selva está prestes a acabar.

O frenesi das minhas mãos é o mesmo da minha mente. Como sempre (isso não é novidade aqui nesse blog), minha mente divaga entre diversos assuntos e eu não sei exatamente como me comportar. A ansiedade (que nesses dias está especialmente aflorada) me devora e eu acabo ficando ainda mais disperso. Quero fazer uma tatoo. Quero comprar um carro novo. Quero uma namorada. Quero mudar, definitivamente, todo o meu cotidiano. Essa dispersão me impede de continuar tentando buscar o equilíbrio. Minha vidinha aparentemente normal já está me deixando entediado. E meus objetivos de “sobriedade”, “normalidade” e “equilíbrio” estão começando a não fazer mais nenhum sentido.

Sim, o tédio está em alta, e tudo o que gostaria era de voltar ao passado, momento em que eu simplesmente era um cara normal e isso me satisfazia. Hoje, contudo, eu quero mais! Quero deixar a mediocridade de lado. Quero abandonar o objetivo da minha vida (que aparentemente é apenas um meio de mostrar para os outros que eu sou capaz) e passar a viver outra vibe. Alucinar. Quero regredir, sabendo que o que mais importa não é andar pra frente, mas andar para o lugar certo.

Se você está voltado na direção do precipício, andar em frente quer dizer a sua morte. Por outro lado, desistir de ir em frente e voltar atrás é sua salvação.

Mas quem se importa? Tudo hoje em dia é uma questão de seguir em frente.

Ainda continuo suando frio. É sinal de que ainda tenho muito o que escrever. Mas não sei se vou conseguir agora. Tudo soa tão desconexo. É o tremor, a crise de abstinência. O desejo de mergulhar fundo, mas com a consciência de que algo está errado. Mas algo é mais forte…

A sorte é que tenho duas doses de whisky e um dvd. Acho que isso irá me fazer relaxar e centrar as ideias. E depois, nada será melhor do que minha cama vazia. Então nessa hora eu observo que seria melhor uma cama cheia, um pouco de intimidade… mas ok, as coisas são como são. Não se pode ter tudo na vida. Então ao whisky…

Um post, dois temas…

Bem… como o título diz, esse será um post com dois temas. Pura preguiça de escrever dois posts. Aliás… se eu fizesse dois, poderia programar a data da postagem… assim, os leitores achariam que eu “voltei”. Mas como minha honestidade e minha preguiça me impedem… será apenas um post, com dois temas (vários, na verdade… como todo bipolar, a mente divaga e não é possível se centrar em uma única coisa… enfim… dois temas principais e vários temas “secundários”).

Tema 1 – O blog, o “retorno”, os comentários, as visitas, minha vida, conjecturas diversas sobre esse lugar…

Em primeiro lugar, eu confesso que estou surpreso com tudo o que vi hoje. Abandonei o blog há meses, e ainda tenho várias visitas diárias. Tem gente que volta, na esperança de achar um post novo (confesso: eu ainda volto em alguns blogs favoritos abandonados, na esperança de ver novas postagens). Tem gente nova chegando. Tem post que os comentários viraram bate-papo, ou, pelo menos, uma sala de estar, um lugar de ajuda mútua…

Como sabem… eu “abandonei” o blog por obra da vida. Primeiro porque resolvi abandonar minha bipolaridade… hahahah… parece piada, mas eu queria esquecer um pouco isso, embora a rotina não me permita. O segundo motivo eu não quero revelar de modo objetivo, pra não me expor, mas, em síntese, é que na minha atual situação, não dá pra ficar entrando na net com frequencia e, quando dá, é difícil poder acessar o blog e postar (imagine que eu seja um militar na selva, ou passei pra um concurso pra juiz ou promotor no meio do nada, ou virei policial na fronteira, ou virei agente secreto da abin e todas as minhas conexões estão rastreadas… entrei pra um reallity show no méxico e não dá pra ficar entrando na internet… ou estou no alasca, onde a internet só funciona quando tem sol, ou simplesmente casei e a mulher é ciumenta demais, possessiva, e ainda por cima é analista de sistemas e não é seguro acessar a internet em casa…). Imagine o que quiser. Em todo o caso, tenho lido os comentários sempre que possível. Infelizmente, não tenho podido responder… mas espero que os vários visitantes tenham achado os endereços de e-mail uns dos outros, e haja interação saudável.

O fato é que continuo bipolar, continuo sozinho (não, eu não me casei, ok?), continuo com dilemas existenciais e… embora a vida hoje esteja muito melhor do que era no passado, ainda preciso vir ao blog, desabafar (mesmo que não possa fazê-lo com  frequencia e facilidade que eu gostaria).

Além do mais, percebi que há uma ilusão no início do tratamento: quando a gente se assume, as pessoas sabem que somos bipolares… as coisas melhoram. É verdade que quando eu berrei pra todo mundo ao meu redor que eu era bipolar, teve gente que achou exagero, outros que ficaram chocados, e outros que finalmente pararam pra me ouvir. E na época, eu senti, realmente, um verdadeiro alívio. Parece que tudo, naquela hora, tinha explicação e eu não era exatamente a pessoa mais desequilibrada do mundo, mas apenas uma pessoa tentando lutar contra a sua própria condição/enfermidade.

Só que a sociedade ainda é muito hipócrita e eu ainda não havia me dado conta disso. Ok, eu havia sim. Mas eu achei que se eu mostrasse pra todo mundo quem eu realmente era, a hipocrisia iria continuar, mas eu me sentiria mais leve. Eu me senti. Mas só por um tempo. Depois eu vi que a “leveza” tinha um preço alto: eu nunca mais conseguiria ser o mesmo, no conceito das pessoas. Eu nunca mais conseguiria promoções. Nunca mais conseguiria indicações pra empregos melhores. Nunca mais conseguiria um relacionamento “normal”. Nunca mais as pessoas confiariam que eu sou capaz de me manter sob controle, equilibrado…  Então eu fiz o óbvio: pedi demissão, mudei de casa, de carro, de amigos… Não mudei de família, mas me afastei deles… mudei de psiquiatra, de psicóloga. Mudei de farmácia. Mudei até mesmo os caminhos que uso pra chegar em casa. E comecei uma nova vida… onde as pessoas não sabem quem eu sou.

Não é porque a gente se assume gay, bipolar ou qualquer outra coisa (e alguns até tem orgulho disso) que a vida fica mais fácil. E em alguns casos, ninguém precisa ficar sabendo… Ora… eu não pergunto sobre a vida sexual dos meus colegas de trabalho (se ele faz, o que faz, com quem faz, o que usa etc)… eles não precisam saber da minha. Também não peço pra ver o exame cardiológico ou a taxa de glicemia dos colegas… ninguém precisa ver o meu eletro encefalograma e nem saber qual é a minha litemia. E a menos que você seja um gay famoso ou um bipolar famoso (isso só pra exemplificar), você ainda vai precisar se “ajustar” à sociedade pra viver razoavelmnte bem. Quando um ator global aparece no rock in rio bêbado ou drogado… ele vira hit nas redes sociais… Sim, hoje é dia de rock, bebê !!! Quando um ator faz uma tatuagem mega-ultra-escalafobética… é sinal de personalidade, e ele fica mais famoso. Se o jogador de futebol engorda um pouco, mas faz gol… ninguém nem tá ai com os quilinhos extras… Se você é nordestino e é cantor… você é fodão. Mas se você é gay, nordestino, negro, tem tatuagem, ou fica bêbado constantemente e, ainda por cima, não é rico ou famoso, se cuide: você vai sofrer discriminação, preconceito, isolamento…

E essa história me faz chegar ao segundo tema:

Tema 2 – A carência afetiva…

Eu sei, caro leitor, cara leitora, que esse é um assunto batido. Mas o fato é que estamos todos carentes. Vocês vem aqui pra buscar um lugar aonde possam se identificar, aonde podem ser vocês mesmos… Alguns dariam tudo pra receber uma resposta minha (grandes merdas… embora possa parecer que eu sou um cara legal, cult, com um blog bacana… sou um merdinha igual a todo mundo) e outros(as) pra ter o meu e-mail pessoal. Recebo muitos comentários com gente pedindo pra conversar. E se eu pudesse, eu conversaria com cada um, por horas… Mas a questão não é essa.

A questão é que eu sou assim com alguns blogs que eu curto e, daria tudo, pra ser visto ou notado. Esse é um fenômeno que se agigantou com o crescimento das redes sociais. No entanto, temos cada vez menos amigos reais, mais gente invejando a gente e mais vazio. Carência agora é uma questão mais profunda.

Temos amigos, mas eles não suprem nossa carência. Vamos pra balada, mas no outro dia continuamos com um vazio. Tem igreja que diz que se você for pra missa, pra sessão ou pro culto, você não vai mais ficar vazio… mas você fica. Porque ninguém te entende como você gostaria. Ninguém te dá tudo o que você precisa. E mesmo que você se esforçe pra dar o que as pessoas querem, elas nunca lhe retribuem à altura.

E olha… confesso… estou desesperado pra casar. Mas me sinto cada vez mais gordo, cada vez mais feio… Embora eu saiba que sou um “partidão”, me sinto cada vez mais inseguro. E isso sem contar que eu estou com cada vez menos libido e… malditos remédios !!! Mas não acho nenhuma louca que seja suficientemente equilibrada e que não queira só o meu dinheiro, ou que não seja sexualmente insaciável. E que aceite minha bipolaridade e minha vida atual (só pra ficar claro: não sou traficante de drogas, de armas, de pessoas, de órgãos… não sou criminoso de qualquer espécie, ok?).

Bem…  e sei que você se sente, também, de alguma forma carente. E mais que isso, de alguma forma inapropriado(a). Mais gordo, mais magro, mais sem dinheiro, mais sem saco… do que o que realmente é.

Isso só nos afasta ainda mais dos outros…

Bem. É isso. Ainda tinha muito o que falar, mas agora preciso ir. Meu tempo acabou.

Beijos a todos os leitores e leitoras. Não percam a esperança de que eu volte. Eu voltarei… só não sei quando.

Desbipolarizando.

Sonhos

Hoje tenho quase 40. Sou uma pessoa muito melhor do que fui no passado. E mais relizada, também. Tenho amigos, família… gente próxima que se importa comigo, não porque tem pena de mim ou porque isso é “correto”, mas apenas porque elas gostam de mim. Hoje vivo uma vida completa, cheia de realizações. E tenho uma pessoa fabulosa ao meu lado. Hoje eu não sou mais pego pelas compulsões. Diria que não faço nada por fuga… e não tenho mais medo de morrer sozinho. Aliás, hoje eu nem penso mais na morte. Hoje sei valorizar as pessoas certas, sei me importar mais comigo menos e menos com a opinião de pessoas – coisa que sempre me foi nociva. Aprendi a viver com pessoas que antes eu considerava superficiais e tolas, gente mediocre, e vejo que, na verdade, elas são gente simples… assim como eu sou hoje. Hoje eu assisto programas de auditório e realitys shows e vejo muita graça em tudo.  E bem… no fundo, sou uma pessoa realizada. Conformada… sonhos…

Hoje, na verdade, sou o mesmo de sempre. Um garoto com quase 30, que na maioria do tempo tenta se convencer de que ainda tenho alguma auto-estima, mas que quando chega na “balada”, percebe que o mais importante não é ter auto-estima, mas ser bonito. Um rapaz que vai pra balada e toma uns pilequinhos de vez em quando, mas sabe que nada disso vai resolver: é apenas fuga da realidade. Uma pessoa que sempre crê que “dias melhores virão” e que, na verdade, vê coisas melhores acontecendo, mas no fundo, continua infeliz. Um cara que adora mulheres, mas que as evita porque elas vão querer sexo… e isso, certamente, será trágico. Um cara que já pensou em sair do armário, mas sabe que o mundo gay é pior ainda que o mundo hétero e… fato: eles também vão querer sexo. Sou um cara com problemas pra me relacionar. Prefiro investir em quem está longe – isso por total inabilidade de lidar com as pessoas que estão por perto. Sim, eu sou uma pessoa amarga e triste, solitária – e isso foi tudo que eu sempre combati.

Voltei a tomar os remédios (sim, eu consegui um jeito de recebê-los aqui nesse fim de mundo) e percebi que minha inquietação não melhora – embora eu consiga ao menos controlar meu comportamento social.

“Talvez eu esteja destinado à grandes coisas”. E isso, eu tenho consciência, é a maior farsa bipolar de todos os tempos… “sou diferente, sou incompreendido, sou superior”. Meus discursos contra a mediocridade são apenas mais um modo de tentar aparecer. Esse blog, é, na verdade, apenas mais um alimento pro meu ego. Mas é como minhas amizades: eu só quero quando eu estou disposto… quando não, prefiro ficar de lado.

A solidão, por sua vez, não aceita as coisas assim… ela vem e pronto. E eu começo a achar que tudo é apenas uma auto-comiseração, mas depois percebo que nem eu me suporto. Minhas qualidades me precedem, mas meus defeitos me atormentam.

Hoje eu tenho um pouco mais de dinheiro no banco e as pessoas me vêem como se eu fosse um pouco melhor que antes… mas agora eu continuo só. E continuo atraindo problemas que depois não tenho disposição de resolver. Enjoei da internet. Enjoei de música. Enjoei de algumas séries. Enjoei de ir pra “balada”. Enjoei de viajar. Enjoei de mim mesmo.

Verborragia. Vômito?

Não. Tudo engano. Não leve em conta nada do que eu escrevi acima. Isso foi apenas um exercício mental. Uma forma de tentar permanecer em total sanidade. Existem verdades nas entrelinhas, claro. E em algumas linhas também. Mas o melhor é…

Ah. Deixa pra lá.

Mudando de assunto.

Sonhei que eu voava.

Mudando de assunto de novo.

Meu ponto fraco é, de fato, a solidão. Ela, apenas ela, fez com que eu sonhasse com todas as coisas acima mencionadas.  Um psicólogo diria que estou esquizonfrênico. Talvez. Mas tudo não passa de literatura. Falta do que fazer. Falta de sono. Meu ponto mais fraco que a solidão? Não sei. Talvez a sorte. Ou a falta dela.

Agora me esforço para não sonhar de novo. Porque numa época eles foram fuga da realidade. Noutra época eles foram força para seguir em frente. Mas hoje, eles são apenas expectativas distorcidas do futuro. Por isso tento retornar ao passado. Entender melhor sobre o que aconteceu quando eu era indefeso. Destruir a raiz de meus problemas comigo mesmo. Entender como eu deixei as pessoas me fazerem pensar que tudo era culpa minha.

E bem… pensando no passado, eu me esqueço dos sonhos.

E quem não sonha perdeu a capacidade de viver. É isso. Estou me boicotando de novo. Desejo de morte… mas dessa vez entendi. Não aspiro uma morte física… mas uma morte da esperança.

Amanhã sei que acordarei melhor. E a vida vai ser igual a semana passada. Trabalho,  casa, fingimentos sociais, conversas superficiais. E então eu voltarei a sonhar. E me frustrar. E aprender com as frustrações. E crescer. E achar que involui. E ver que quanto mais eu cresço, mas consciência eu tenho das minhas limitações e de que não sei nada. E achar que apesar das coisas terem melhorado eu ainda estou infeliz, porque não encontrei o sentido de tudo. E perceber que na verdade, o sentido é apenas experienciar tudo isso. E perceber que não estou só. E voltar a estaca zero. E depois a dez. E fingir que não sou mais bipolar. E entender que ainda sou, realmente. E achar sentido em tudo, outra vez. Me apaixonar. Me iludir. Quebrar a cara e aprender. E ser feliz com coisas pequenas. E com outras grandes. E esquecer a felicidade e ficar infeliz de novo. E comer demais. E fazer dieta. E desejar ir em frente. Ou voltar atrás. E bem… seguirei sonhando…

Sonhando…

Ou pensando que tudo isso é o sonho… e quando morrer, acordarei pra outra dimensão e terei a certeza de que… tudo não passou, realmente, de um sonho.

solidariedade e outras coisas… seguindo em frente !!!

Bem, eu achei que iria, finalmente, ressurgir… mas infelizmente não foi possível voltar aqui com tanta frequência, como eu de fato gostaria. Cada dia que passa, eu me martirizo um pouco porque vejo tantos comentários e sinto-me incapaz de retribuir, à altura, os meus leitores.

Fico feliz porque muitos tem demonstrado muita solidariedade com o meu problema. De fato, não gosto, nem faço apologia à fuga dos remédios. Sei que eles fazem parte do tratamento. Infelizmente hoje são um luxo impossível pra mim. Mas… imaginem um militar, num quartel, servindo em uma zona de fronteira como o oiapoque ou, por exemplo, laranjal do jarí… sem infraestrutura adequada sequer para comer direito… pensando em tomar amato (topiramato), carbolitium (lítio) e mais… em obter remédios com receita médica. É o que vivo hoje. Além de não haver médicos onde vivo, não temos remédios e bem… vivo como em um batalhão: passo os dias tentando esconder minha doença, minhas privações de sono e meus desejos suicídas dos outros – tudo, com medo de ser cortado, ridicularizado e até mesmo agravar minha situação, o que poderia certamente acontecer se eu for isolado do grupo.

Viver em isolamento, confinamento… é algo que poucos suportariam. E hoje eu tenho tido sanidade suficiente para viver assim… aliás, sou um dos poucos que é reconhecido por ser uma pessoa equilibrada. Aqui, colega levanta a arma pro outro e se o delegado não tomar a arma de gente… acabam se matando. Eu, entretanto, sou o exemplo à seguir: um cara discreto, ponderado, equilibrado e que não costuma dar trabalho pra ninguém.

Embora eu seja invejado e odiado por alguns – que certamente não tem competência suficiente para me acompanhar… sei que sou reconhecido.

E bem… isso não é atoa. Eu tenho, a cada dia, feito um auto-exame de consciência. A terapia cognitiva tem sido meu melhor álibe. Minha terapeuta, embora distante, me preparou para a autonomia. Não minto que estou OK. Não estou. Preciso dos remédios. Mas como sei que, infelizmente, no meu caso eles são um luxo (afinal, não tenho papai ou mamãe pra me sustentar, minha família tá cagando-e-andando pra mim não se importa comigo e tenho que me virar sozinho porque sou eu e EU mesmo… eu tenho que me manter equilibrado sozinho, ou então FODEU !!! eu estou frito.

E bem… ainda sinto desejos suicídas. Mas agora… sei que eles são apenas uma fuga quando algo no dia-a-dia dá errado, e que é mais fácil enfrentar de frente meus problemas (que em geral são maximizados por mim mesmo e não passam de coisas simples para os meus superiores) do que ficar conjecturando uma forma eficiente, indolor, segura… de me matar. Como diria Quevedo… isso non ecziste !!!

Como eu poderia suicidar-me de forma segura ??? E como eu colocaria fim na minha vida sem q isso trouxesse dor (pra mim, ou pra no mínimo alguém que fosse…). Impossível !!!

Então, eu sigo em frente. Espero que logo em breve eu possa voltar à civilização e possa voltar a poder tomar meus remédios (e quem sabe descansar um pouco meu sistema-de-alerta-contínuo). Enquanto isso… vou em frente, sabendo que dias melhores virão. E bem… são quase duas horas da manhã, estou com todo o dinheiro que saquei no banco mais cedo, estou sóbrio (e eventuais erros de digitação foram resultado da pressa) e … ainda tenho internet… e agora… mais uns cinco ou seis dias sem conseguir sequer ler um e-mail (mas, felizmente recebo meus comentários em um e-mail que consigo acessar do satélite do trampo).

Agora vou dormir, porque cedo terei missão. E o final de semana prossegue…

E sigo a vida… feliz e contente. Sobretudo com a solidariedade dos meus leitores. E mesmo não os conhecendo pessoalmente, sei que fazem parte de minha história (e sei que eu faço parte da história de vocês).

Beijos e mais beijos.

Garoto Desbipolarizando !!! Sempre.

ressurgindo… talvez…

Bem… como é de conhecimento dos que acompanham o blog, andei bastante sumido nos últimos meses. E isso se deveu a uma série de fatores: falta de tempo, falta de internet que preste, falta de assunto e até mesmo falta de ânimo pra postar.

Peço desculpas aos fãs e aqueles que comentaram sem ser respondidos…

E bem… hoje eu voltei a acessar o blog. Percebi que muitos dos blogs que eu lia desapareceram. Outros continuam, mas eu acho que não faço mais parte da vida deles. E quanto a mim… conceitualmente continuo o mesmo.

Não me sinto mais um bipolar. Abandonei os remédios (bem… eu não aconselho ninguém a fazer isso), meramente por uma questão logistica: a cidade onde estou morando agora é um ovo (de codorna, daqueles bem pequenos), não existe psiquiatra, não tem remédio nas farmácias (só o lítio…) e bem… se eu falar com um clínico geral, minha fama vai se espalhar pela cidade…

De qualquer modo, acho que estou relativamente controlado. Aliás, acredito que boa parte dos meus problemas ocorreram devido a falta de dinheiro e à proximidade da família manipuladora. Hoje sou outro. Consigo trabalhar melhor, viajando mais e conhecendo o mundo eu me valorizo melhor como pessoa, e estou aproveitando melhor as pequenas coisas da vida.

São três da manhã e eu acabo de chegar da balada: estou sóbrio, voltei com dinheiro e aproveitei a balada. Isso é um milagre pra um bipolar – que normalmente gasta muito, chega no OUTRO dia e se sente o todo-poderoso. Também não tenho mais sentido depressão. E o que ainda me persegue (mas de leve) é um desejo suicida… mas está algo mais leve, controlado e é algo que não me aflige e nem aparece como uma fixação permanente… é algo que vem e passa rápido.

Agora o que mais tem me inquietado é a dificuldade de fazer amigos nessa cidadezinha pequena e longínqua (é assim mesmo que se escreve ?!?!)

As pessoas de fora se focam em ir embora. E assim acabam se isolando e vivendo um sonho distante de deixar a cidade (em geral, são funcionários públicos como eu, que vieram pra cá obrigados por um Edital para entrada no serviço público ou vieram transferidos compulsoriamente, como é o meu caso).

Os nativos… em geral são pessoas de mente pequena, tacanhos, que se divertem com humor baixo e vulgar, adoram ficar trêbados e são felizes na mediocridade. E bem… boa parte das amizades que tenho hoje, desconfio, são apenas pessoas interessadas em ter status. É que aqui, qualquer pessoa que ganhe mais de R$ 1.000,00 é da alta sociedade…

E tenho amigos(as) que vivem junto (aproveitando as baladas, as entradas, as bebidas…) e que agem com outras pessoas como se elas fossem importunantes… mas quando nós não estamos juntos, esses amigos(as) se rendem aos “importunantes” só pra aproveitarem-se do que o status e o dinheiro podem comprar…. E eu fico pensando se eu não estou sendo usado do mesmo modo…

Triste. Mais que ser usado, é ver como as pessoas podem ser tão pequenas e medíocres. E mesmo que você tente fazer elas crescerem… elas preferem ficar onde estão. É mais confortável.

Esse é meu desabafo de hoje.

Agora eu tenho que ir, dormir. Amanhã é um novo dia.

Abraços e beijos a quem continua me seguindo.

Fui.

Dos sonhos perdidos, e daqueles achados…

Um dia, enquanto a gente ainda é bem pequenininho… a gente tem sonhos… e a medida que vamos crescendo, vamos ajustando os sonhos… que podem se tornar maiores ou menores… mas que ainda assim são sonhos…

O problema é que quando crescemos muito… vamos matando os nossos sonhos – e isso me faz lembrar da mágica leitura de Jostein Gaarder, em “O mundo de Sofia”, um pequeno e delicioso tratado de filosofia básica.

Sim… a correria, o estresse e as responsabilidades do chamado mundo adulto acabam por destruir todos os nossos sonhos. E eu, pra ser honesto, acabava me refugiando em filmes e seriados… eram o meu mundo do faz de conta (o meu pó de pirlim pim pim) – para não esquecer da Emília, do Pedrinho, da Narizinho, do Visconde… enfim, salve salve, Lobato.

Mas hoje… Hoje um profeta do amor, da honestidade, da alteridade, do companherismo, da valorização do ser humano e de todas as facetas mais lindas desse bicho-homem… hoje esse amigo me fez redescobrir sonhos dentro de mim. E como diria ele… basta plantar a semente e regar… não adianta querer fazer a semente brotar, nem puxar a planta pra ver se ela cresce mais rápido… depois de plantado… só o tempo se encarrega de fazer crescer, brotar a flor, nascer o fruto, e por fim maturá-lo.

Durmo feliz. E pensando. Ainda é possível ver pessoas em quem se pode crer… a humanidade não está perdida !!!

Agora… falando sobre mim… desculpem todos o sumiço. Sobretudo minha Thethe… e minha Britney… sou todo saudade de vocês duas, cada um no seu lugar !!!

Tudo isso se deu por causa de uma semana de estresse total e sobercarga infernal de serviço, seguida de uma semana de praia (porque afinal de contas, ninguém é de ferro), e de uma semana sem telefone celular ou internet…

Perdoem-me, leitores novos, se não tenho tido tempo de responder os posts. Espero que leitores mais antigos me ajudem, sobretudo no apoio aos recém-chegados. Leiam os links….

Beijos e abraços a todos !!!

Nova vida…

Bem… depois que eu fui morar no final do mundo, numa cidade isolada… parece que consigo enxergar melhor as coisas…

Ganhar um pouco mais de dinheiro também me garante fazer coisas que antes eu nunca pude… e acho que isso me dá um alívio. É hipocrisia essa coisa que dinheiro ñ trás felicidade.

Sei, dinheiro pode manter as pessoas vazias, sobretudo se elas sempre tiveram acostumadas a ter dinheiro e por isso acabam achando que o dinheiro pode comprar as pessoas, sentimentos, etc… Assim como pode manter pessoas vazias por idolatrar o dinheiro… aqueles maos de vaca que passam necessidade pra num gastar dinheiro.

O melhor é que tendo nascido num berço humilde, numa favela suburbana de uma grande cidade brasileira… e tendo que lutar e passar muitas adversidades pra chegar aonde cheguei… hoje o dinheiro que ganho me serve (ao invés d’eu servir ao dinheiro, trabalhando compulsivamente pra só ajuntar mais e mais, de modo megalomaníaco).

E por outro lado sei que o dinheiro nao compra relacionamentos, nao compra atitudes, nao dá sanidade mental, nem obtem maturidade… sei que as pessoas estao acima do dinheiro e que eu mesmo tenho que estar acima dele… entao… isso me traz alegria

E o dinheiro entra enquanto eu sei administra-lo, de modo que nao seja compulsivo nem avarento… e de modo que ele me proporcione coisas que me façam crescer… enquanto eu passava privacoes eu amadureci… mas eu sofri bastante… agora acho que tenho um pouquinho de maturidade suficiente pra viver melhor.

Eh como dizem meus amigos… as vezes o universo tem que nos preparar para coisas grandes, porque se nao… nós cairíamos rápido.

Beijos pra quem le… obrigado pelas manifestaçoes de saudade…

Desculpem a falta do til… estou em Lima… e os teclados em espanhol sao horríveis.

Fui…

Quantum

Hoje em dia tudo é quântico. Eu mesmo adoro a mecânica quântica e todo desdobramento “espiritual” desse tipo de teoria. Quantum… no plural, quanta. Digo espiritual entre aspas, pois muito do que hoje é considerado espiritual amanhã será revelado como ciência…

Mas e meu choro escondido? Que relação ele tem com a quântica? Quanto choro eu conseguirei esconder ainda…

Essa coisa de ter que morar junto com um estranho é complicado… Faz parte da minha nova vida semi-militar. Dividir alojamento com uma pessoa que teve a educação totalmente diferente da sua. Sei que meu colega também tem seus problemas, fica deprimido e talz… mas quanto tempo eu conseguirei disfarçar minha doença? Esconder os remédios, disfarçar o sono excessivo… abafar o choro contindo pelo barulho do chuveiro.

Morar sob o mesmo teto é quase um casamento. Ter que conciliar vontades, ter que administrar a geladeira e ter que guardar toda a tralha emocional debaixo do colchão…

E foda… vou pro Panamá no final do ano, e vou sozinho… Talvez seja mais uma fuga. Uma deprimente e cara forma de evitar o passado, negar o presente e pensar em uma histórinha de contos de fadas até chegar o dia deprimente da viagem sozinho…

Bem… e o que me alimenta é saber que ainda tem gente que me lê, me compreende, me faz carinho pelas palavras e não me abandona, mesmo estando longe…

E o que tudo isso tem haver com a quântia mesmo? Bem… sei que no futuro eu compreenderei melhor a quântica, e provavelmente também comprenderei melhor o dia de hoje, o desespero, o choro reprimido a vontade de gritar e ligar o foda-se, a solidão, a vida…

Beijos pra quem lê.